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DCNT: o que são doenças crônicas não transmissíveis?

De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morbidade no Brasil e no mundo. Para mudar essa realidade, a Organização Pan-Americana de Saúde chegou a emitir um chamado para ampliar a prevenção, o controle e o tratamento dessas enfermidades.

As ações com foco em diminuir a taxa de DCNT se conectam diretamente com a promoção de saúde integral. Por isso, profissionais da área de cuidados devem estar atentos ao plano de enfrentamento de doenças não transmissíveis, para garantir o máximo de bem-estar aos pacientes.

Para que você compreenda o tema com mais detalhes, este artigo abordará:

  • O que são doenças crônicas não transmissíveis;
  • Quais são as principais doenças crônicas não transmissíveis;
  • Exemplos de ações para diminuir o número de DCNT;
  • Qual a importância de ações preventivas com foco em DCNT.

Quer saber mais? Continue a leitura e confira!

O que são doenças crônicas não transmissíveis?

Segundo Mariana Soares, médica especialista em medicina de família e comunidade, as doenças crônicas não transmissíveis são condições de saúde de longa duração e geralmente de progressão lenta, que não são causadas por agentes infecciosos e não se transmitem de pessoa para pessoa.

Mulher realizando teleconsulta com médica, via notebook.
O acompanhamento contínuo e a implementação de um estilo de vida saudável são fundamentais para prevenir DCNT.

Logo, é possível dizer que as doenças crônicas não transmissíveis são multifatoriais, que demandam cuidados contínuos. Entre as principais DCNTs estão as doenças cardiovasculares, o diabetes, a hipertensão arterial, os diferentes tipos de câncer e as doenças respiratórias, como a asma.

“Essas condições crônicas estão diretamente relacionadas a fatores de risco modificáveis, como alimentação não saudável, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e estresse, além de serem fortemente influenciadas pelos determinantes sociais da saúde, como renda, escolaridade, moradia e acesso a serviços de saúde” — Mariana Soares, médica de família e comunidade na Ana Health.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as DCNT afetam de maneira desproporcional países de baixa e média renda. Nesses lugares, 32 milhões de mortes globalmente são causadas por doenças crônicas não transmissíveis.

No Brasil, o Ministério da Saúde organiza ações focadas na Vigilância das Doenças e Agravos Não Transmissíveis. Como exemplo, é possível citar monitoramento de enfermidades cardiovasculares e respiratórias, de neoplasias e de diabetes.

Quais são as doenças crônicas não transmissíveis?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais doenças crônicas não transmissíveis são:

  • Doenças cardiovasculares (como ataques cardíacos e acidente vascular cerebral);
  • Cânceres;
  • Doenças respiratórias crônicas (como doenças pulmonar obstrutiva e asma);
  • Diabetes.

O Ministério da Saúde também inclui no plano de vigilância das DCNT o monitoramento de neoplasias à lista de doenças crônicas não transmissíveis. Por fim, Mariana Soares, médica de família e comunidade, também menciona a hipertensão arterial.

Quais são os fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis?

Por serem multifatoriais, diferentes questões influenciam o diagnóstico das doenças crônicas não transmissíveis. A Organização Mundial da Saúde organiza três pilares de atenção, para que profissionais consigam estruturar planos de cuidados mais assertivos. Confira abaixo!

Fatores comportamentais

Os fatores comportamentais se relacionam com hábitos e com o estilo de vida de cada pessoa. De acordo com a maneira com a qual o indivíduo vive, é possível que doenças crônicas não transmissíveis se desenvolvam. Como exemplo, é possível citar:

  • Uso de tabaco (incluindo os efeitos da exposição de fumo passivo);
  • Dietas pouco saudáveis, com excesso de sal, açúcar e gorduras;
  • Uso nocivo e excessivo de álcool;
  • Sedentarismo ou realização de atividades físicas insuficientes.

As influências comportamentais se relacionam diretamente com os ambientes físico, social e econômico nos quais as pessoas estão inseridas. É relevante mencionar, ainda, que esses fatores também podem ser chamados de modificáveis, justamente por serem comportamentos que são passíveis de serem transformados. 

Homem e mulher correndo no parque, em um dia ensolarado, com roupas de academia.
A prática de exercícios físicos regularmente é uma das maneiras de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.

Evidentemente, quando as pessoas aderem a um estilo de vida mais saudável, com alimentação balanceada, exercícios físicos rotineiros e sem abuso de substâncias tóxicas, o risco de desenvolver DCNT diminui.

Fatores metabólicos

As influências comportamentais contribuem para alterações no funcionamento do corpo humano, as quais, por sua vez, aumentam as chances do surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. São os chamados fatores metabólicos, como:

  • Pressão arterial elevada (incluindo pressão arterial);
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Níveis elevados de glicose no sangue (incluindo diabetes);
  • Níveis anormais de lipídios no sangue (incluindo colesterol alto).

Atualmente, o principal fator de risco metabólico é a pressão arterial elevada, seguida pelo aumento da glicose no sangue e pelo sobrepeso ou obesidade.

Fatores ambientais

Como o próprio nome sugere, os fatores ambientais se relacionam ao ambiente no qual a pessoa está inserida, o qual influencia diretamente no desenvolvimento das DCNT. Como exemplo, é possível citar:

  • Poluição de ar: é o principal fator de risco ambiental, relacionado ao desenvolvimento de acidente vascular cerebral, doenças isquêmica do coração, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão;
  • Exposição à radiação: a exposição direta à radiação solar, sem proteção, também pode levar ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer de pele;
  • Mudanças climáticas: a exposição ao calor extremo, por exemplo, também pode levar à manifestação de DCNT.

Os pontos acima reforçam como as doenças crônicas não transmissíveis são multifatoriais. Logo, as ações para prevenção, monitoramento e tratamento devem ser desenvolvidas com base em saúde integrativa, adaptando o plano de cuidados conforme a necessidade de cada paciente de maneira humanizada.

Como diminuir o número de doenças crônicas não transmissíveis?

Em 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde formalizou quatro mudanças para transformar os cuidados das doenças crônicas não transmissíveis com foco na Atenção Primária à Saúde. 

Por ser uma das principais causas de mortalidade ao redor do mundo, a organização busca prevenir e tratar as DCNT de maneira assertiva e eficiente, para mudar essa realidade.

Ao todo, a Organização Pan-Americana da Saúde propõe quatro mudanças de políticas para ampliar o cuidado das DCNT. São elas:

  • Mudança para o cuidado centrado nas pessoas: superar os modelos hospitalocêntricos e adotar abordagens centradas nas pessoas e comunidades. Afinal, com frequência, os serviços especializados dominam os investimentos em saúde, deixando a prevenção e a detecção precoce fora do alcance de muitos;
  • Integração do financiamento e da prestação de serviços: muitos países ainda operam programas isolados para diferentes doenças, o que gera ineficiências e lacunas de cobertura. A união de recursos e a incorporação do cuidado das doenças crônicas não transmissíveis nos pacotes essenciais da Atenção Primária à Saúde podem ajudar a enfrentar esse desafio;
  • Adoção da inovação: à medida que as tecnologias em saúde evoluem rapidamente, a comunidade global deve expandir o acesso a diagnósticos acessíveis, medicamentos essenciais e ferramentas digitais;
  • Ação intersetorial: os sistemas de saúde sozinhos não podem resolver a crise das doenças crônicas não transmissíveis. É preciso enfrentar os determinantes dessas doenças — como sistemas alimentares, condições de trabalho, educação e exposições ambientais — por meio de políticas coerentes entre setores.

Como profissionais de saúde, é relevante adaptar os atendimentos para que reforcem as ações para ampliar os cuidados das DCNT. Isso envolve personalizar o acompanhamento, aderir a inovações em tratamentos e promover cuidados compartilhados com outras expertises do setor, para implementação de intervenções preventivas.

A importância da prevenção das DCNTs

Conforme aponta a médica Mariana Soares, a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis é essencial para reduzir a taxa de enfermidades desse tipo e evitar o agravamento e as complicações associadas — como internações, incapacidades e piora da qualidade de vida.

Além disso, ela promove uma vida mais saudável e produtiva. Afinal, a maior parte dessas condições pode ser evitada por meio da adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, cessação do tabagismo, consumo moderado de álcool e manejo adequado do estresse.

Além das atitudes individuais, a prevenção é fortalecida por ambientes saudáveis e condições que tornem mais acessível a adoção de hábitos protetores, como acesso a espaços públicos seguros para lazer e atividade física, disponibilidade de alimentos saudáveis e serviços de saúde que orientem e apoiem o cuidado contínuo.

O enfrentamento das DCNTs exige um conjunto de ações integradas, que envolvem a promoção da saúde, a prevenção de fatores de risco e o acompanhamento contínuo das pessoas com condições crônicas, fortalecendo o cuidado longitudinal e centrado na pessoa.

Uma das principais ações, após o diagnóstico de uma doença crônica, é iniciar uma gestão eficiente e personalizada do cuidado. Pensando nisso, a Ana Health preparou um artigo sobre o tema especialmente para você.

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